Agradecimentos

Depois da passagem à disponibilidade, não tivemos infelizmente mais nenhum contacto com qualquer dos nossos “ex-companheiros” da Companhia.

Antes de termos ido para o Gombe-ia Muquiama, a Companhia havia passado o 1º ano da comissão operacional aquartelada no Tari, a poucos quilômetros de Nambuangongo … e percorremos aquelas picadas entre Balacende, Onzo, Zala, Santa Eulália, Fazenda Lifune Tari, Beira Baixa, Bom Jesus, Quipanzo, Bela Vista, Quipedro, Fazenda Três Marias e tantas outras, “comendo” aquela poeira ou apanhando aquelas chuvadas …

Lavar o camuflado (da picada) para quê? Não adiantava!!! Cinco minutos de estrada poeirenta … e pronto!!! Lá estava o camuflado “limpinho, limpinho” outra vez!!! Quando chegávamos à caserna depois de um dia de estradas poeirentas, eu ficava preocupado … o camuflado poderia sair andando sozinho … de tão duro que estava!!! Tinha que dobrá-lo logo e colocá-lo numa gaveta do roupeiro… não me ia aventurar a deixá-lo assim em cima da cama … vai que ele levanta sozinho e sai andando? É … agora a gente ri … e ainda bem!!!

Em Quipedro, onde estivemos um mês, o nosso pelotão reforçou a Companhia lá aquartelada, por a mesma ter sofrido um número razoável de baixas durante uma emboscada.

Mais um mês de reforço às tropas aquarteladas na Fazenda Três Marias.

Durante o 1º ano da comissão, fizemos algumas operações com efetivos acima de 180 homens – autênticas operações de guerra – “andando” por aquelas matas e florestas, literalmente “caçando os turras” dia e noite, (afinal éramos uma Companhia de Caçadores ou não???) … às vezes praticamente sem dormir durante 3 dias e 3 noites seguidas!!!…

… Um belo dia … fomos fazer uma emboscada na “lixeira” de Santa Eulália … Fazer o quê??? Emboscada!!! Então, queriamos fazer uma emboscada??? … Mas estávamos sozinhos nesta guerra??? … E o inimigo??? … O inimigo já estava “a postos” e a emboscada foi feita por eles em cima do nosso pequeno grupo (não mais de 06 soldados!!!) … PUTZ!!! Quase que a gente “dança” numa dessas!!! … Foi o nosso “baptismo de guerra“… atacados de surpresa … não deixamos por menos … quem ficou mais surpreso foram eles … nossas armas responderam ao fogo intenso … com fogo mais intenso ainda … e … cadê??? … até hoje fico pensando que, se aquilo valesse para uma marca olímpica de velocidade … eles teriam ficado até hoje com o 1º lugar!!! …digno de constar no Guiness Book, o Livro dos Recordes!!! …

É… pimenta nos olhos dos outros … é refresco!!!

… mas para quê contar o 1º ano de comissão??? … o nosso propósito (inicial) foi contar o que se passou no Gombe-ia-Muquiama …

… Na verdade temos muita coisa ainda para contar … factos verídicos … Divulgue o nosso site a todos os seus amigos … e talvez, assim, alguém que tenha pertencido à Companhia de Caçadores 1204/70 entre em contacto connosco, para poder contar em detalhes suas vivências … o que seria uma grande honra e satisfação!!! ….
Espero, que, com ajuda de Você, prezado Leitor – com a divulgação deste site aos seus amigos – possamos poder completar, um belo dia, a lista dos componentes da nossa Companhia de Caçadores…

Formavam a Companhia de Caçadores 1204/70 os seguintes companheiros:
Oficiais Milicianos:
– Armando de Vasconcelos Cardoso – Capitão Mil.º de Artilharia;
– Alferes Castro (***)
– Alferes João Fonseca (de Moçâmedes) (***) – ex-aluno do Colégio Alexandre Herculano (Nova Lisboa) e do Tchivinguiro;
– Alferes Ribeiro (falecido antes de 1975) (***)– ex-aluno do Tchivinguiro;
Furriéis Milicianos:
– Fragoso
– Calado – as últimas notícias davam o Calado no Brasil – em São Paulo – como funcionário do Banco Bradesco.
– X (da Ilha da Madeira)
– Jardim (***)
Cabos:
– Jobino Félix (da região do Huambo)
– Batista (de Benguela)
– Patrício (da região da Bela Vista – Huambo)

Soldados:
– o AP
– João (dos muceques de Luanda)
– o Moxico (do Luso)
– o Francisco Quiaia
– o China (de Nova Lisboa)
– o Lobo (de Luanda)
– o Antunes (de Benguela);
– o Vila Nova;
– o Azevedo
– o Alexandre
– o Graça Gomes
(Estes soldados pertenciam ao 4º Pelotão e eram efectivos do Destacamento do Gombe)


(***) – Participaram do Curso de Oficiais Milicianos (COM) de 1969 na EAMA (Escola de Aplicação Militar de Angola) – em Nova Lisboa.

Verdade seja dita: no período pós-independência, os fuzilamentos dos antigos colaboradores africanos incidiram sobre os “ex-combatentes” nativos pertencentes ao Exército Português, Milícias, agentes das forças especiais GE´s – Grupos Especiais e Flexas, agentes da PIDE/DGS, guias e até agentes que trabalhavam para a administração colonial, cipaios, e elementos da população que trabalhavam honesta e pacificamente para os “colonos” PORTUGA (como eles gostam de dizer) … e isto tudo SEM TRIBUNAIS, SEM JUSTIÇA, SEM CLEMÊNCIA, por MORTE SUMÁRIA HORROROSA, QUANTO MAIS HORROROSA MELHOR!!!

… aos nossos amigos da Calenga (Vila Verde), onde meus pais – D.Maria Ofélia e Manuel Lopes Jardim – tinham mais de 300 (trezentos) afilhados de baptismo … a maioria foi barbaramente assassinada dentro do povoado, em suas próprias casas, durante uma investida do “Exército Libertador” do MPLA após a “INDEPENDÊNCIA” … ao FREDERICO CANGILA, esposa e filhos … ao MARTINHO, nosso cozinheiro, esposa e filhos … ao JAMBA, esposa e filhos … à DEOLINDA, nossa colaboradora, esposo e filhos … ao cabo cipaio PEDRO, esposa e filhos … e a tantos outros que “desapareceram” naquela guerra … seres humanos bondosos e de paz … aos “ex-combatentes” na defesa da PÁTRIA, em defesa das 5 QUINAS, a maioria assassinados após a “INDEPENDÊNCIA” … rendo minhas homenagens …

– QUANTOS DOS NOSSOS BRAVOS E HERÓICOS COMBATENTES NATIVOS ESTÃO VIVOS???

Isto é que é a chamada “DEMOCRACIA” dos “LIBERTADORES”!!!


BIBLIOGRÁFIA E CONSULTAS:

· Wikipédia, a enciclopédia livre
· In ” MEMÓRIAS ” – de Telémaco A. Pissarro
· Sangue no Capim Atraiçoado – Reis Ventura
· “O Despertar dos Combatentes” – de Joaquim Coelho – Clássica Editora- http://espacoetereo.no.sapo.pt/AngolaDiario.htm
· Centro de Documentação 25 de Abril – http://www.uc.pt/cd25a/
· http://www2.dsi.uminho.pt/